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PÉ DIABÉTICO - UMA VISÃO ORTOPÉDICA

  • Foto do escritor: Caio Augustus
    Caio Augustus
  • 14 de jul. de 2022
  • 2 min de leitura

Em relação às complicações crônicas do diabetes, o pé diabético constitui a causa mais frequente, com uma alta taxa de amputação, internação prolongada e custo hospitalar elevado em nosso meio.


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De etiologia frequentemente multifatorial, caracteriza-se por uma variedade de anormalidades resultante da combinação de neuropatia e/ou vasculopatia.


A neuropatia pode apresentar-se sob três formas:


1) motora, com alteração da arquitetura do pé;


2) autonômica, em que há disfunção simpática, resultando em redução da sudorese e alteração da microcirculação;


3) sensorial, a mais comum, na qual se observa perda da sensação protetora de pressão, calor e propriocepção, de modo que traumas menores repetitivos e, até mesmo, danos maiores, não são percebidos pelos pacientes.


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Além disso, a perda da sensibilidade nos membros inferiores pode resultar na formação da osteoartropatia neurogênica (neuroartropatia diabética ou artropatia de Charcot). Que pode levar a fraturas agudas, subluxações ou deslocamento que geram deformidade permanente no pé, esta geralmente associada a redução ou perda da sensação protetora e seletiva da sensação térmica e vibratória, apresentando curso clínico assintomático, com progressiva degeneração óssea e articular.


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O fato mais importante da neuropatia periférica sobre o pé diabético é a perda da sensibilidade, que o torna vulnerável aos traumas triviais, é porta de entrada das bactérias, e ocasiona infecções silenciosas e graves, caso não sejam tratadas precocemente.


A presença de infecção também deve ser investigada precocemente através do exame do pé (localização de sinais flogísticos) ou na vigência de desordem sistêmica (como febre e mau controle glicêmico), pois constitui um fator importante de morbidade e mortalidade em pacientes com úlcera.


Já a radiografia digital e a convencional geram perda de informações tridimensionais, distorção geométrica e relativa pobreza de contraste de tecidos moles, embora sejam úteis no diagnóstico de artropatia de Charcot e da osteomielite.


O tratamento do pé diabético é baseado na redução da pressão tecidual do pé, controle da infecção, correção isquêmica e cuidados com a lesão. O repouso e a elevação do membro devem ser iniciados imediatamente, sendo ideal a retirada de todo peso nos membros inferiores.


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Em relação a intervenção cirúrgica, o debridamento é um importante método auxiliar, pois remove tecido desvitalizado, ajuda no controle da infecção e estimula a fase proliferativa da cicatrização. Já a ressecção de cabeça do metatarso baseia-se na finalidade de diminuir o elevado pico de pressão focal em torno das cabeças metatarsianas afetadas. Dependendo da evolução clínica e do grau de comprometimento, a amputação do membro inferior, apesar de suas implicações individuais e sociais, pode ser necessária. É classificada em duas formas: menor (quando é realizada distalmente ao tornozelo) e maior (quando realizada proximalmente ao tornozelo).



Referências:


BRASILEIRO, José Lacerda et al. Pé diabético: aspectos clínicos. Jornal vascular brasileiro, v. 4, n. 1, p. 11-21, 2019.

 
 
 

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Dr. Caio Augustus
Ortopedista e Traumatologista, especialista em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela UNIFESP.
Membro da SBOT e ABTPé, atua com precisão e cuidado na recuperação da mobilidade e qualidade de vida dos pacientes.

Clínica Synergie
 R. Célso García, 249 - Carandá Bosque, Campo Grande - MS, 79036-080

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